segunda-feira, outubro 29, 2007

Teen Festival



Com a inconstância do Rock In Rio – que debandou pra Lisboa (???) – e a proibição de eventos apoiados por marcas de cigarro – o que nos privou de bons eventos como o Free Jazz Festival e o Hollywood Rock –, restou aos cariocas contentarem-se com o Tim Festival, que firmou-se como o maior evento de música do Rio ao trazer uma miríade de artistas desconhecidos para cenários nobres como o MAM e a Marina da Glória.



Trazer desconhecidos não é problema, pois, como disse recentemente aqui, o carioca gosta mesmo é de um evento, de ver e ser visto, de dar uma azarada e mostrar as últimas tendências da moda “alternativa”. Do alto dos meus 29 anos, notei que pelo menos 80% do público presente era mais novo do que eu – estava, inclusive, acompanhado de algumas pessoas que nasceram no fim da década de 80, o que ainda soa como um absurdo para mim (e justifica o título carismático desta postagem).





Sim, meus caros, eu fui ao Tim Festival. Não para assistir a Bjork, cujas músicas, para não ser maldoso com os modernos, eu diria que não entendo. Queria era ver o show do Arctic Monkeys, a banda de rock queridinha da vez, o fenômeno inglês que vendeu, só no seu país de origem, 120 mil cópias do disco de estréia (e isso apenas no dia do lançamento, chegando a 340 mil ao final da primeira semana). Os garotos da banda, nascidos entre 1985 e 1986, fizeram um show honesto, nada mais que isso. Perfeito pra quem gosta das músicas e se contentou em simplesmente ouvi-las, uma atrás da outra, sem maiores firulas espetaculares – como foi o meu caso.


De maneira geral, a mídia elogiou o evento e, de fato, algumas fatores devem ser enaltecidos – como a decisão da organização de manter a lotação máxima bem abaixo da capacidade dos palcos, o que permitiu que se pudesse transitar sem maiores problemas mesmo nos shows com ingressos esgotados. Agora, não me sinto à vontade para elogiar um evento com as características que irei numerar em abaixo.





As pulseirinhas: embora entenda a necessidade das pulseirinhas coloridas para este evento (afinal, eram três palcos diferentes e uma área comum, e a pulseira permite o ir e vir do público), sempre associo o artefato a uma prática desprezível: a de hierarquizar a importância de grupos sociais através da categoria VIP (very important people). Recentemente, por exemplo, a CBF proibiu a venda de bebidas alcoólicas no jogo do Brasil contra o Equador, no Maraca, por tratar-se de “um jogo para a família brasileira”. Mas no camarote da mesma CBF, artistas globais, acompanhado dos filhos, mamaram gratuitamente litros de cerveja na área vip, e litros de uísque na área vipvip. Asqueroso, concordam? E não forma poucas as pessoas que vi no Tim com mais de uma pulseira no braço, mesmo depois de terminados os shows. Entendi que essa galera não tirava a pulseira por tratar-se de um símbolo de distinção, quiçá de prestígio social. Um nojo.



O preço: Um copo de plástico cheio de chope custava 4,50. Um cachorro quente do tamanho de um celular, 5 merréis. E a fila para adquirir um produto destes era quase sempre looooonga. Bebi cinco chopes, comi um cachorro, morri em quase 30 pratas e passei quase metade do show do Hot Chips, que abriu pro Monkeys, na fila. Sem contar que os ingressos para os shows mais esperados custavam 180 miguelitos cada. Quem foi ver Bjork e Arctic Monkeys no mesmo dia e não era estudante teve que morrer em 360 pratas (pelo menos, para alguns, valia pela onda de ostentar duas pulseirinhas no braço). É impressionante a clivagem socioeconômica que rola nesses eventos, que parecem exclusivamente voltados para a classe A e para malucos como eu dispostos a empatar toda essa grana em um único show de rock. Os ingressos para o show do The Police, que vem ao Rio no fim do ano, custarão entre 160 e 500 reais. E, acreditem, esses de 500 já esgotaram no primeiro dia de venda.



O amadorismo: embora incensado como o maior evento de música do Rio, a organização teve a brilhante idéia de botar o palco das atrações brasileiras em área aberta, não contando com a chuva torrencial que desabou no Rio desde a quarta passada. Resultado: Montage, Vanguart e Del Rey, bandas brazucas que eu queria assistir, tiveram os shows simplesmente cancelados. A organização disse que quem comprou os ingressos só pra ver as bandas de rock poderia entrar no dia seguinte de graça, quando tocariam DJs de música eletrônica! E quem é do rock como eu ficou como? Acertou: puto da vida.

19 comentários:

gigi disse...

Eu passei um sufoco nessa porra. Depois de percorrer chão pra caralho e fila pra caralho pra pegar a pulseirinha, enfretei outra fila pra entrar no show da Bjork, que já estava começando. O segurança disse que minha pulseira era do show do Artic.

Mesmo com o ingresso na mão, não teve arrego. Conversei com o supervisor da segurança, que me mandou de volta pro CHECK-IN AVANÇADO. Conversei com o segurança de lá, que me fez encarar a fila toda de novo. E o show rolando...

Enfim... foi o maior bate-boca da paróquia, porque a vadia que colocava as pulseirinhas nos outros me acusou de ter pedido a pulseira do Artic pra ela. O detalhe é que eu não abri minha boca, apenas tinha dado o ingresso na mão dela. Foi um reme-reme que se estendeu muito tempo. Não queriam me dar a pulseira, acharam que eu tinha catado o ingresso da Bjork no chão e estava querendo dar uma de esperta...

E olha que meu ingresso era meia, hein? Como meu nome escrito no verso e carimbado! Olha, foi uó. Recebi minha pulseirinha amarela, andei tudo aquilo de novo chorando muito de raiva e entrei na tenda na metade show. Fiquei tão nervosa, me senti tão ofendida que ainda chorei mais umas três músicas lá dentro, até encontrar meu grupinho e ser feliz. Imagina, cara? Perdi parte do show, andei pra caralho à toa depois de passar um dia inteiro trabalhando de salto alto, me perdi dos meus amigos... Foi horrível. O pior é que eu nem tenho como provar que isso tudo aconteceu, pq nem testemunha eu tenho.

E onde era esse chopp de 4,50? Lá na tenda da Bjork, que era a mesma do Artic, o chopp era SEIS REAIS, da Devassa.

gigi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
gigi disse...

Mais coisas pq fiquei com medo de exceder o limite de caracteres:

1. Eu nem sabia o que era Artic Monkeys. Aliás, não sei ainda.

2. O pior de tudo é que eu voltei lá no dia seguinte com a Lívia pra ver aquele monte de DJs. Foi muita falta de vergonha na cara, mas eu não consegui deixar minha amiga sozinha. Liguei muito pra Moema, mas ela nem me atendeu.

3. No fim das contas, foi legal. DJ Marlboro, né... é funk de playboy, mas é funk. Engraçado que eu odiava Marlborão quando era adolescente porque o som dele não correspondia muito ao que rolava nos bailes de corredor e nos bailes de comunidade. DJ Marlboro e novela Malhação, pra mim, eram a mesma artificialidade. E no fundo são mesmo, sabe...

4. O que esse cara que escreve em inglês ficou falando de mim aí no post anterior? Não entendi nada.

Paulo Bono disse...

é por causa de posts como esse que eu acho que ler o ABSURDOSTUROS é melhor que assistir ao Fantástico.

um bono abraço, arthur

Jana disse...

Juro que se eu não tivesse que pagar muito mais que isso para ir até aí pois, nesse lugar onde estou ancorada não vem quase nada do que gosto (Montage, isso não foi direcionado a vc) eu empatizaria com vcs. Mas toda essa dor e sofrimento que vi sua e da Gigi, acalmou o caos que estava sentindo internamente, que logo em seguida foi identificado como inveja.

Tá bom, tá bom... isso é só 15% verdade. Horrível que vc ficou decepcionado, pior o que aconteceu com a Gigi, ainda bem que no item 3 dela as coisas clarearam.

Quando eu lembrar de uma história terrível que aconteceu comigo para fazer vcs sentirem melhor sobre si, voltarei.

Beijos.

blah disse...

é, meu camarada. Apesar de não ter ido ao evento (pois me falta o $$), tenho que concordar 100% com suas críticas...

A propósito, quem é vivo sempre aparace e quem ainda ainda tem língua nunca se calará por completo:

leia isso

e isso>e isso

blah disse...

ahh sim... e ainda tirei um pouco o atraso... Li e comentei seus posts backwards até o dia 08/10

abraços...

P.S - E o chopp, eu vc e Dom Lyra??? Vai sair ou virou lenda???

blah disse...

ixi, é só eu abrir a boca que os amigos fornecem mais material... Tem mais esse!!

Pra quem não postava há meses, três no mesmo dia tah bom :P

blah disse...

SER uma pessoa solteira eu também SOU, meus amigos que me conhecem há anos e só me viram 1% do tempo com alguém, sabem disso. Sou devagar quase parando. Mas SER solteiro também cansa, e no fundo too mundo quer aquele calorzinho no cração de quando se está eliz com quem se ama...

Só brinco, elogio mulheres branquinhas de cabelo cor de fogo (aliás, minhas preferidas), mas chegar junto mesmo, só conhecendo a figura e vendo se acontece a tal "magia". Sempre deixo essas coisas meio na mão do destino, porque se depender muito de mim pra "magia" aconteer, estou lascado, e a maior probabilidade é continuar solteiro mesmo :P

abraços pra vc e beijos para Gigi

Anônimo disse...

Putz, acho uma sacanagem gastar uma grana dessa com show. Por melhor que seja a banda, enfim. Não pago.

gigi disse...

mamãe passou açúcar em mim.

Samantha Abreu disse...

Meu Deus!!!!
eu quero ir, eu quero aqui, quero pra mim!

Anônimo disse...

oi! eu de verao aproveito todos os espectaculos de rua k sao gratuitos :) e vejo o k gosto sem pagar nada:) e tmb tenho alguns amigos musicos ,mas a musica é mesmo o k gosto. as pessoas dizem k sou poetisa k tenho poemas lindos,mas a minha loucura o meu gosto mesmo é por musica :)
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*´¨) мιℓ вєιנoѕ♥*♥
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(¸.•´ (¸.•` **♥*♥ uma boa semana paar ti
bjo
carla granja

Vivi disse...

Nóóóóó...não faria tanto sacrifício. Esse amadorismo que você apontou no final é coisa de colonizado mesmo né.
The Police vale até 500 pilas! Abraço!

Vivi disse...

Ah, não posso deixar de comentar que o trocadilho "teen festival" tá impagável!

Diogo Lyra disse...

Saudades do Free Jazz Festival...

Cascarravias disse...

de onde tu tira tanta disposição e paciência pra coisa ruim?

Tchello Melo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tchello Melo disse...

Embora sejam atrativos o calor humano e o aspecto do "ao vivo", eu prefiro gastar, digo, investir 60 mengueles mensais para apreciar o audiovisual virtualmente. Salve a Predial Net!