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terça-feira, julho 31, 2007
...The Strokes, com Reptilia
Reptilia é minha música favorita do Strokes. É a segunda faixa do segundo disco deles, Room of Fire. E o que mais gosto nela é exatamente o arranjo: como trata-se de um rock bem cru, feito com duas guitarras, baixo, batera e voz, a solução encontrada pelos caras para sofisticar o arranjo é alternar a presença dos instrumentos que são tocados. O resultado são trechos com guitarra sem baixo e bateria, trecho com baixo e bateria sem guitarras, trechos com voz, guitarra e bateria sem baixo, enfim, toda sorte de combinações possíveis, como iremos conferir agora. Aperte o play e vamos nessa!
(a música começa com bateria e baixo, aquele baixo bem simples, uma só nota martelada com palheta mesmo. Depois, entram as duas guitarras distorcidas, uma fazendo os acordes da base, junto com o baixo, e a outra uma frase melódica dessas que grudam em nossos ouvidos. Quando o vocal entra, saem o baixo e a guitarra base e ficam a bateria e o tal riff melódico)
He seemed impressed by the way you came in
"Tell us a story
I know you're not boring"
(volta o baixo, cimentando o chão da base)
I was afraid that you would not insist.
"You sound so sleepy
just take this, now leave me"
(e agora volta a guitarra base, rasgando tudo. O vocal distorcido ajuda a aumentar a sujeira)
I said please don't slow me down
If I'm going too fast
You're in a strange part of our town...
(melhor pedaço da música: todos param de tocar e ouve-se só uma guitarra, fazendo uma bela frase com acordes arrastados pra cima e pra baixo. Aí, entra um desenho melódico no baixo, acompanhando o riff da guitarra, e o bumbo fazendo a marcação e preparando a volta dos outros instrumentos)
Yeah, the night's not over
You're not trying hard enough,
Our lives are changing lanes
You ran me off the road,
The wait is over
I'm now taking over,
You're no longer laughing
I'm not drowning fast enough.
(solo de guitarra, daqueles bem rock n’roll tosco, com escalinhas repetidas mil vezes. Findo o solo, saem agora as duas guitarras, ficando somente a cozinha – baixo e batera)
Now every time that I look at myself
"I thought I told you
this world is not for you"
(e, novamente, a banda toda quebrando tudo)
The room is on fire as she's fixing her hair
"you sound so angry
just calm down, you found me"
I said please don't slow me down
If I'm going too fast
You're in a strange part of our town...
(fala sério, não é o melhor trecho da música? Depois de conhecer, a gente passa a ouvir a música só esperando por esse momento)
Yeah, the night's not over
You're not trying hard enough,
Our lives are changing lanes
You ran me off the road,
The wait is over
I'm now taking over,
You're no longer laughing
I'm not drowning fast enough.
Gostou do som? Então aproveita e veja aqui o clipe da música, que é todo feito de closes nos instrumentos dos caras, ou seja, praticamente a descrição que eu fiz, só que com imagens ao invés de palavras.
segunda-feira, julho 30, 2007
Um brinde democrático
quinta-feira, julho 26, 2007
Notas sobre o PAN
Problemas na numeração dos ingressos já motivaram uma ação na justiça contra o Comitê, e a Promotoria de Defesa do Consumidor já pensa em entrar com outra ação pra investigar o que para eles pode ser um indício, mas para mim é uma certeza: existem mais falcatruas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia.
Pelo menos, fico feliz em saber que ganhamos a medalha de ouro no futebol feminino, metendo 5 gols nas ianques. Certa vez, aqui mesmo no blog, um amigo estadunidense disse que o futebol era um esporte de meninas. E, de alguma forma, parece que ele tinha razão: o futebol também é um esporte de meninas, mas de meninas brazucas.
Com essa vitória, passamos Cuba e estamos em segundo lugar no ranking de medalhas do PAN. Mas sei que voltaremos ao posto de terceiro lugar. Temos vocação pra terceiro. É só ver que nenhum país, nem mesmo os EUA, tem mais medalhas de bronze que o nosso. Em matéria de ser terceiro, somos os primeiros.
E pensem bem: pelo menos nos esportes de equipes, ser terceiro é muito melhor do que ser segundo. Ser terceiro significa que você perdeu a penúltima partida, não foi pra final, mas não se deixou abalar e venceu o último jogo, garantindo o bronze. Ser prata em esportes de equipe significa que você fez uma brilhante campanha e perdeu o último jogo, ou seja, como se diz no futebol, nadou, nadou e morreu na praia. Nada mais frustrante.
Foi exatamente o que aconteceu com as meninas de prata do vôlei e com as meninas de prata do basquete. Esses resultados levaram um conhecido meu, natural da Turquia, a afirmar que “a mulher brasileira sempre entrega o ouro no final”. Mas Marta e suas colegas de seleção podem, agora, dizer que este jovem imigrante de bigode estava errado.
terça-feira, julho 24, 2007
Fugere Urbem
À tarde, um passeio de charrete, na companhia de insetos exóticos.
sexta-feira, julho 20, 2007
No dia do amigo, uma bela notícia
quinta-feira, julho 19, 2007
...Dire Straits, com Sultans of Swing
para Ledas
Sultans of Swing é, incontestavelmente, uma das músicas que mais me aprazem ouvir. Sou suspeito por ser guitarrista, mas mesmo quem não é fica impressionado com a sonoridade das frases que Mark Knopfler tira da sua guitarra, um timbre muito característico também pelo fato dele dispensar a palheta e tocar com os dedos.
Sultans está no primeiro disco do grupo, homônimo, de 1978 (ano em que nasci), e na coletânia Money For Nothing. A letra é muito boa, descreve o clima de um barzinho onde grupos de músicos tocam jazz (mais especificamente, “dixieland” e “creole”).
Logo no início, ouviremos a primeira frase da guitarra de Knopfler, e depois entra a voz do próprio – não é um grande cantor mas, pro que se propõe, resolve. Além do quê, sua guitarra de sonoridade ímpar irá costurar toda a letra com um sem-número de frases melódicas improvisadas.
* * *
(agora a música vai prum acorde maior e o batera vai pro prato de condução, o que dá um brilho especial ao trecho)
(refrão instrumental, delicioso)
(vejam a habilidade do batera neste detalhe!)
segunda-feira, julho 16, 2007
Chocolate
Una derrota cruel: Brasil fue más en todos los aspectos
sexta-feira, julho 13, 2007
Atocha!
Hoje de manhã, a promessa de trânsito caótico não se concretizou – e olha que moro próximo ao Maraca! O único congestionamento que vi foi em direção à ponte Rio-Niterói, principal rota para a região dos Lagos. De fato, a abertura do PAN parece significar, para o carioca, simplesmente a possibilidade de um fim-de-semana prolongado em Búzios, Cabo Frio ou outro balneário do gênero.
Da minha parte, ainda que pouco afeito a esportes, pretendo dar minha módica contribuição torcendo para a pequena Daiane dos Santos, com suas piruetas que desafiam a lei da gravidade. E, é claro, não poderia deixar de manifestar meu apoio a Beatriz e Branca, duas atletas tijucanas (quase minhas vizinhas, portanto) que irão representar o Brasil no nado sincronizado. É promessa de espetáculo – e não só pelo nado, como vocês podem conferir na foto das gêmeas abaixo.
Bom PANdemônio pra você! E, pros nossos atletas, deixo aqui o meu honesto conselho:
ATOCHA NELES ! ! !
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quarta-feira, julho 11, 2007
Manchete
sexta-feira, julho 06, 2007
O primeiro disco de rock
O cara morava num dois quartos em Botafogo. Num quarto, dormia ele. No outro, dormia sua guitarra (que me foi dada de presente mais tarde e que tenho até hoje), seu amplificador, uma pequena estante com livros de aviação e uma bateria, que me proporcionou muitos momentos de empolgação – não compartilhados pelos vizinhos dele.
Vai daí que, numa dessas noites, depois de voltarmos do Caneco, chegamos em casa e ele me conta que havia comprado um disco. E diz que eu poderia ouvir, só que baixinho, pois já passava de meia noite e era um disco de rock. Ele foi então dormir e eu fiquei lá, estirado no carpete, bem perto da vitrola e com os ouvidos grudados naquelas grandes caixas de som. E, depois da marcação forte dos ton-tons e surdos da bateria e dos primeiros acordes diminutos das guitarras distorcidas, vem aquela voz mórbida, como num mantra satanista, cantando:
Cabeça dinossauro, cabeça dinossauro, cabeça, cabeça, cabeça dinossauro!
O que era aquilo? Que tipo de som minimalista era aquele que tanto me intrigava?
Pança de matute, pança de matute, pança, pança, pança de matute!
É sempre bom lembrar que a capa de um disco de vinil é algo muito mais impactante do que a de um CD. E eu olhava praquela enorme cabeça dinossauro (na verdade um esboço de Da Vinci intitulado A expressão de um homem urrando), imaginava a “pança de mamute” e o “espírito de porco” da criatura, e aquilo já era o prenúncio que anunciava qual seria o tom e o clima da bolacha que eu ouvia com extrema curiosidade.
O disco Cabeça Dinossauro é o terceiro dos Titãs. Antes disso, os caras ainda faziam uma linha meio new wave, em músicas como Sonífera Ilha e Televisão. Com o Cabeça, enveredaram pelo lado mais cru do rock n’roll, influenciado pelo punk de poucos acordes e muita intensidade nas letras. E, de fato, as músicas do disco, cujos títulos são quase todos de uma ou duas palavras, disparam versos contra as instituições e o sistema capitalista de forma geral, o que se percebe em Igreja, Polícia, Família, Estado Violência, Tô Cansado, Dívidas, AA UU, A Face do Destruidor e Homem Primata.
Uma das músicas que mais assustou aquele garoto de oito anos de família católica, que foi batizado mas que não faria catecismo ou primeira comunhão, foi Igreja. Como é que os caras tinham coragem de dizer versos hereges como aqueles?
Eu não gosto de padre Eu não gosto de madre Eu não gosto de frei. Eu não gosto de bispo Eu não gosto de Cristo Eu não digo amém. Eu não monto presépio Eu não gosto do vigário Nem da missa das seis, não!
Eu não gosto do terço Eu não gosto do berço De Jesus de Belém. Eu não gosto do papa Eu não creio na graça Do milagre de Deus. Eu não gosto da igreja Eu não entro na igreja Não tenho religião.
Mas a música que acabou mais se popularizando, até por conta da proibição de radiodifusão, foi Bichos Escrotos, uma ode às baratas, ratos e pulgas, na qual os caras mandavam oncinha pintada, zebrinha listrada e coelhinho peludo irem se foder.
Finalizando, não poderia esquecer de O Quê, música que defino como a grande viagem de heroína de Arnaldo Antunes. Até hoje, a heroína é dificílima de se encontrar abaixo da linha do Equador mas, em 1985, Arnaldo e o guitarra Tony Belloto já haviam sido presos por porte da droga. E, no ano seguinte, os Titãs fechariam sua grande obra-prima com a seguinte letra:
O que não é o que não pode ser que
Não é o que não pode ser que não é
O que não pode ser que não é o que não
Pode ser que não é!
Que não é o que não pode ser
Que não é o que não pode ser
Que não é o que não pode ser
Que não é!
E o primeiro disco (de rock ou não) que te marcou, lembra qual foi?
terça-feira, julho 03, 2007
Sobre a "mercadorização" da vida moderna
O advento da sociedade de mercado abstrai as particularidades de todas as coisas, conferindo-lhes valores monetários – para Marx, o tal “valor de troca”. E Polanyi mostra como esta orientação mercadológica da sociedade burguesa, a primeira civilização a se basear em fundamentos econômicos, parte de um tripé fundamental, que é a quantificação valorativa do trabalho, da terra e da própria moeda, o dinheiro. Segundo ele, "a ampliação do mecanismo de mercado aos componentes da indústria - trabalho, terra e dinheiro - foi a conseqüência inevitável da introdução do sistema fabril numa sociedade comercial". Mas vejam o real significado destas três coisas para Polanyi:
"Trabalho é apenas um outro nome para a atividade humana que acompanha a própria vida que, por sua vez, não é produzida para a venda. Terra é apenas outro nome para a natureza, que não é produzida pelo homem. Finalmente, o dinheiro é apenas um símbolo do poder de compra e, como regra, ele não é produzido mas adquire vida através do mecanismo dos bancos e das finanças estatais".
Logo, Terra, Trabalho e Dinheiro não foram produzidos como mercadorias, mas apenas tratadas como se o fossem – e por isso, chamadas pelo autor de mercadorias fictícias (ou aparentes). E é esta transformação, ocorrida a partir da organização da economia através do mercado, que gera uma condição de subordinação dos homens ao capital e, consequentemente, um tipo alienado de sociabilidade, já que o nexo social entre os indivíduos, mediado pelo valor, exprime-se como uma “relação entre coisas” (nos termos do velho Marx).
Este é o tripé básico da “mercadorização” da vida moderna; todavia, conforme fui percebendo com o tempo, estamos tão mergulhados nesta realidade que não seria exagero afirmar que toda e qualquer coisa pode ser reduzida à lógica econômica. Até mesmo a própria vida, como vemos nos experimentos genéticos e na especulação do valor sobre remédios e tratamentos médicos, e também no ar que respiramos, como ocorre quando se estabelecem vendas de cotas de poluição para países mega-industrializados como nossos vizinhos ianques (um dos diversos assuntos levantados no excelente documentário canadense The Corporation).
E, é claro, não seria diferente com a cultura. As manifestações culturais e artísticas, as danças, rituais, os trabalhos artesanais, a subjetividade do homem como um todo, enfim, tudo pode ser economicamente mensurado pelo “espírito” capitalista de nossa sociedadezinha pueril. E quando a necessidade, real ou adquirida, de ter la plata no bolso emerge às vistas do homem, essa valoração mercadológica passa a assumir contornos nocivos, passa a se mostrar preponderante, passa a ditar as regras, orientar as práticas e influenciar as criações. Passa a objetivar a subjetividade.
Por isso, não devemos ficar surpresos quando vemos artesãos indígenas adaptando seus “produtos” de forma a “terem utilidade”, além de enfeitar a casa dos turistas compradores. Ou quando observamos que danças populares são formatadas em espetáculos para que as elites possam aplaudir de pé (após terem pago o ingresso, claro).
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(até que este seria um bom tema de doutorado... mas, sei lá, acho que vou banir esta idéia e fazer um MBA em marketing, que dá mais dinheiro...)